Detalhes do Blog

Devia ter 6 ou 7 anos quando um pequeno rafeiro o seguiu da escola até casa, sem motivo aparente. O rapaz nunca tinha tido cães, mas não teve coragem de mandar este embora. A mãe não gostou da ideia e castigou-o, mas acabou por aceitar o cão que, sem surpresa, recebeu o nome de Bobi.

Naquele tempo, o dinheiro mal chegava para que as pessoas pudessem comer, quanto mais sustentar um cão e o Bobi recebia os poucos restos que sobravam. Mas o rapaz não se conformava e às escondidas, dava-lhe a sua própria comida. A mãe, ao perceber que o filho não comia, zangava-se, mas de pouco valia, porque o amor do rapaz era maior do que quaisquer ralhetes ou açoites.E como acontece sempre com os cães, o Bobi retribuia este amor da forma como sabia: ía levar e buscar o rapaz à escola e era o companheiro de todos os momentos, o melhor amigo, o único amigo na verdade.Juntos iam para todo o lado. Procuravam comida nos caixotes do lixo, que depois partilhavam, sem vergonha, com a inocência da idade e certeza de que eram completamente dedicados um ao outro.

Houve um dia em que o rapaz apanhou o comboio de Oeiras até Carcavelos e chegado ao destino, percebeu que o Bobi tinha seguido o comboio, só para poder estar com ele, para não o deixar sozinho.

Hoje, passados quase 50 anos, o homem recorda este cão como o único ser que nunca o abandonou e que foi a raíz de um amor que cresceu, persistiu e que se tornou a razão de ser da sua profissão e da sua vida.