Está a chegar mais uma passagem de ano, época de celebração. No entanto, a noite de réveillon pode não ser fáceis para os nossos melhores amigos.
Os festejos, que tradicionalmente incluem fogos-de-artifício, podem ser fator de ansiedade e até de trauma. Mas existem formas de mitigar o impacto e fazer com que o seu cão esteja confortável e tranquilo durante as celebrações.
Antes de mais, aproveite para fazer um passeio longo com o seu cão, de preferência num local tranquilo, próximo da natureza.
Caso decida fazer a passagem de ano em casa, prepare-lhe um espaço familiar e recatado, para o qual possa escapar caso se sinta assustado. Não se esqueça da caminha e dos brinquedos favoritos.
De preferência, mantenha o su cão junto a si, mas se tiver convidados em casa e achar mais prudente tê-lo noutro espaço, não se esqueça de o “visitar” com regularidade e dar-lhe uma boa dose de atenção, para que não se sinta abandonado. Conforte-o com festas e – porque não? – uns mimos especiais. Ele irá gostar e ficará mais tranquilo.
Não se esqueça de que mesmo um cão socializado poderá não gostar de muita agitação. É importante que o animal não seja forçado a estar num ambiente onde não se sinta confortável, ou que o faça ficar hiper-excitado. Ambas as situações são desnecessárias e podem originar momentos desagradáveis, tanto para o animal como para as pessoas.
E cuidado com as guloseimas…Não deixe que os convidados lhe deem comida – mesmo que o seu cão “insista” muito. Sim, sabemos que pode ser difícil resistir, mas mantenha-se firme neste aspeto!
Se decidir sair e levar o seu cão, pondere se ele se sente confortável no meio de muita gente. Caso não sinta, será preferível deixá-lo ficar em casa, no tal espaço de que falámos há pouco.
Mas seja em casa ou na rua, os fogos-de-artifício ou quaisquer barulhos repentinos e altos podem ser assustadores para o seu amigo, mesmo que se trate de um animal habituado a ruído. O primeiro cuidado a ter é não deixar o animal fugir. Infelizmente, a fuga de animais em pânico é comum nestas ocasiões e as consequências podem ser, frequentemente, desastrosas. Nunca é demais apelar: microchip e identifcação são fundamentais (além de obrigatórios).
Se estiver na rua com o seu cão, mantenha-se seguro e confiante, dê-lhe atenção e reassegure-o de que está tudo bem. Não se esqueça dele, fique sempre atento a quaisquer estímulos súbitos que possam surgir.
Mas atenção: se o seu cão começar a mostrar-se ansioso, não lhe dê mais atenção do que o habitual, já que este comportamento poderá aumentar a ansiedade e a insegurança. Não se esqueça: cães são animais de matilha e na “matilha familiar”, o dono é o líder. Se o cão sentir insegurança ou receio no dono, o instinto irá dizer-lhe que deve ser ele assumir o papel de líder, o que pode conduzir até a comportamentos agressivos.
Se estiver em casa, tente minimizar o ruído exterior fechando janelas, descendo persianas e colocando em casa sons familiares, como música ou a TV. Isto irá permitir disfarçar os sons exteriores. Se sair e o seu cão ficar em casa, deixe a televisão ligada. A presença de um som constante e identificável terá também um efeito tranquilizador.
E deixamos a sugestão: se quer habituar o seu cão a multidões e a ruídos, fale com um treinador. O treino poderá ajudar a dessensibilizar o animal a sons altos e súbitos e fazer com que este se mantenha calmo e focado em si, mesmo no meio de muita gente.
Ah! No final das festas, não se esqueça de recompensar o seu melhor amigo por ter-se portado tão bem. Não somos apologistas do biscoito como ferramenta auxiliar do treino, mas reconhecemos que como recompensa pela superação de momentos como estes, pode ser muito eficaz.
Que 2024 seja o melhor ano das nossas vidas. E que possa ser o ano em que o reconhecimento dos direitos e da dignidade dos animais passe a ser, de facto, uma prioridade.
Este é um texto da autoria do treinador de cães Carlos Cordeiro, mentor da Carlos Cordeiro – Escola de Cães, que é, desde Junho de 2022, a primeira escola de treino canino a ter certificado de qualidade ISO 9001
