Puxar à trela, reagir a outros cães ou pessoas e fazer as necessidades no sítio errado são alguns dos problemas mais comuns enfrentados por aqueles que recebem um cão em casa. A adaptação nem sempre é fácil e para evitar abandonos, é preciso encontrar soluções. O treino é a escolha ideal e Carlos Cordeiro é um nome incontornável nesta área.
“Trabalho exatamente o problema do dono”, começa por explicar à PiT o treinador de cães com mais de 30 anos de experiência. “As pessoas vêm ter comigo em desespero e pretendem algo. Às vezes, só precisam de alguém que chegue e fale ‘Isto é fácil’, porque estão tão emaranhadas naquele problema que não percebem que é algo simples”, acrescenta.
É precisamente por isso que o método de Carlos Cordeiro é sempre feito acompanhado dos tutores — tanto no lar onde vivem com os animais quanto nas zonas onde costumam passear nos arredores. O primeiro passo, de acordo com o profissional, é deslocar-se até a casa das famílias com quem trabalha e realizar uma avaliação comportamental para perceber quais os problemas dos canídeos no ambiente que estão habituados.
“As dinâmicas da família com o cão são observadas e corrigidas. Os primeiros 45 minutos são feitos por mim e o resto é tudo o dono”, frisa. “São acompanhados e supervisionados por mim até chegarem ao objetivo. Vejo o que está errado e vou corrigindo a assertividade e os comandos. São sempre os donos a falarem e a andarem com os cães”.
O trabalho de rua, como referido pelo treinador, é um dos pontos essenciais em todos os treinos. Este é feito “na zona de conforto próxima da casa da família”. Os mais medrosos muitas das vezes precisam de estímulos e para os ajudar, através de aulas em grupo (que acontecem semanalmente), Carlos trabalha em zonas com mais movimento. “Sempre com supervisão minha e com os donos presentes”, afirma.
Carlos garante que os treinos não podem ser feitos a dois, ou seja, ele e o cão. E muito menos na sua própria casa. Até porque não é lá que os cães passam o dia a dia. “Estou uma hora com os cães, não 24 horas e os donos têm de aprender isso e a partir daí, chegamos a este consenso”, aponta. “É um entendimento entre eu e o dono e depois, tudo corre bem. Eles percebem que as coisas são simples, é uma conversa fácil, tento não complicar”.